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Sustentabilidade em espera? Como estão as empresas a reagir ao "Stop the Clock"?

29/05/2025
Imagem alusiva ao Artigo "Sustentabilidade em espera? Como estão as empresas a reagir ao ‘stop the clock’ "

Em fevereiro de 2025, a Comissão Europeia apresentou o Pacote Omnibus, com o objetivo de simplificar as obrigações de reporte de sustentabilidade e reduzir a carga administrativa das empresas. Entre as alterações propostas estão o aumento dos limiares de reporte da CSRD, a criação de standards voluntários para PMEs (baseadas nas VSME) e o adiamento de prazos de reporte até 2028 para um grande número de organizações. Para muitas empresas isto representa um alívio, ao passo que para outras, uma oportunidade.

Reações empresariais: Entre a incerteza e a ação estratégica

Uma análise conduzida pela Coolset, baseada em mais de 250 empresas europeias, revela uma divisão clara nas respostas empresariais à Omnibus: 67% das empresas planeia continuar a reportar segundo a CSRD, mesmo com a flexibilização proposta — das quais 40% afirmam que o farão voluntariamente, enquanto 27% o farão por ainda estarem abrangidas pelas obrigações legais.
Além disso, 90% declararam a intenção de manter os seus relatórios de sustentabilidade, independentemente de alterações regulatórias.

Este compromisso voluntário reflete uma tendência crescente, uma vez que muitas entidades percebem que o valor da sustentabilidade vai além da conformidade legal. No entanto, o estudo também identifica os principais desafios sentidos pelas empresas neste momento:

  • Falta de clareza regulatória: com a proposta do pacote Omnibus ainda em discussão, persiste a incerteza sobre como adaptar os modelos de reporte existentes;
  • Capacidades internas limitadas: a escassez de recursos humanos especializados e de sistemas digitais de recolha e verificação de dados ESG continua a dificultar o progresso;
  • Complexidade das cadeias de valor: recolher informação fiável junto de fornecedores (sobretudo PMEs) mantém-se como uma barreira operacional crítica.

Perante este cenário, as empresas estão a reagir de forma diversa. Algumas optam por suspender temporariamente os seus investimentos em sustentabilidade, esperando por maior estabilidade legal. Outras, com uma posição mais estratégica, estão a utilizar o “Stop the Clock” como uma janela de oportunidade. Isto é: Reforçam processos, aprofundam metodologias de materialidade e estruturam sistemas de reporte mais robustos e auditáveis — preparando-se não apenas para o cumprimento futuro da CSRD, mas para responder às exigências crescentes de investidores, clientes e parceiros.

Reflexão: Conformidade mínima vs. Liderança sustentável

O pacote Omnibus não deve ser lido como um sinal para fazer menos, mas como um convite para fazer melhor. As entidades que se limitam ao mínimo legal podem, a curto prazo, reduzir custos e evitar riscos regulatórios. No entanto, estas organizações estão a abdicar de uma vantagem estratégica crucial que passa pela capacidade de demonstrarem liderança, responsabilidade e visão a longo prazo.

Pelo contrário, as empresas que hoje em dia investem na qualidade e profundidade dos seus dados ESG, mesmo sem obrigação imediata, reforçam a sua reputação, aumentam a confiança dos stakeholders e posicionam-se para liderar a próxima fase da transição sustentável.

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Conclusão


O pacote Omnibus representa um ponto de inflexão: um teste à autenticidade do compromisso empresarial com a sustentabilidade.

Mais do que uma flexibilização legal, oferece às organizações a possibilidade de refletirem sobre a razão pela qual investem em sustentabilidade. Enquanto que para umas será apenas uma questão de conformidade, para outras é uma escolha estratégica e cultural. E essas serão, sem dúvida, as empresas mais bem preparadas para o futuro.

E na sua Organização, a pausa é um travão… ou uma oportunidade para liderar?

Fontes:

EU Omnibus Proposals: Key Impacts on CSRD, CSDDD, Taxonomy Regulation and CBAM

Market Pulse 2025: How are companies reacting to the Omnibus Proposal?

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