O Financial Reporting Council ("FRC"), entidade que regula a profissão de auditoria no Reino Unido, emitiu orientações para as empresas que preparam demonstrações financeiras (guidance for companies preparing financial statements and a bulletin for auditors) que cobrem fatores a serem tidos em consideração na realização de auditorias durante a pandemia do Covid-19.
Muito do que aquela instituição comenta é relevante para empresas e auditores em todos os países, não apenas no Reino Unido.
As orientações para as empresas (guidance for companies) tem um cariz prático, abordando as mudanças nas formas de trabalho, que este confinamento nos obriga, e os desafios relacionados com as divulgações sobre incertezas materiais.
Embora existam normativos legais específicos no Reino Unido, comentários sobre manutenção de capital serão relevantes em todos os países.
O público-alvo principal deste documento são as empresas cotadas, com orientações sobre a aplicação dos princípios de governo das sociedades, mas fala também da aplicação das IFRS, nomeadamente a IAS 1 Apresentação de Demonstrações Financeiras – continuidade, estimativas e julgamentos em momentos de incerteza - e IAS 10 Acontecimentos após a data do Balanço.
O documento dirigido aos auditores (bulletin for auditors) chama à atenção para a necessidade de se considerar o uso de procedimentos alternativos, incluindo a realização de trabalho remoto e o uso de tecnologias, para obter evidência de auditoria suficiente e apropriada.
Há observações relacionadas com todas as etapas do trabalho de auditoria. O FRC refere também que, se o órgão de gestão insistir em manter um cronograma, mas os auditores acharem que é necessário mais tempo, os auditores devem considerar se o órgão de gestão está a colocar alguma limitação no âmbito do seu trabalho. Relembra ainda a importância do diálogo entre auditores, órgão de gestão e órgão de fiscalização, para garantir que a função de auditoria seja adequadamente exercida.