Há coisas que parecem engraçadas. Quando alguém vaticina algo, em qualquer campo, as reações normalmente se dividem: há quem acredite firmemente que o fato irá acontecer, mas há também quem chame o vatídico de maluco, ingênuo, despreparado, e por aí afora. Mas convenhamos que o dilema se desfaz no momento em que o fato acontece... ou não. E aí a pessoa que deu o palpite vira unanimidade; se acertou, ele é considerado um visionário. Se errou, era maluco mesmo.
Mas o leitor se perguntará: o que tem a ver vaticínios com a comparação entre teimosia e resiliência? Vamos devagar. Proponho começar a viagem pelo dicionário. Teimosia: pertinácia exagerada. Resiliência: propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão (quer dizer: o corpo volta ao seu estado anterior – se livra da pressão). Figurativo: resistência ao choque. Atualmente, usa-se para indicar a pessoa ou entidade que resiste às pressões e, finalmente, consegue seu objetivo.
Neste ponto não posso evitar lembrar do meu pai, que sempre me chamava de teimoso. Vá ver que eu era mesmo – ou ainda sou. E essa lembrança me conduz a um raciocínio parecido com o do visionário-maluco do primeiro parágrafo. Explico: quando uma pessoa insiste e emprega energias que parecem exageradas para conseguir um determinado objetivo, ela está sendo teimosa ou resiliente? Agora o leitor entendeu a relação com o maluco-visionário?
Quer me parecer que, enquanto a pessoa (ou entidade) está despendendo esforços que possam parecer exagerados a quem olha "de fora" para conseguir o objetivo proposto, haverá pessoas que a julguem "teimosa", enquanto outras dirão que se trata de resiliência.
E, novamente, vamos aos resultados. Se o objetivo for alcançado, provavelmente haverá uma quase unanimidade quanto ao mérito da resiliência. E se o objetivo não for alcançado? Aqui há grandes chances de que quem olha de fora julgue que a insistência da pessoa (ou entidade) teria sido um fútil exercício de teimosia.
Qualquer semelhança com eventos que vemos no nosso dia a dia não é mera coincidência.
Para se pensar.